Lisboa só entalou os negócios chorudos para além do hospital


Brinca-se com a Saúde da população da Madeira

Todos nós sabemos que para termos um Aeroporto Internacional é incontornável que exista um Hospital funcionante com todas as valências para que se consiga dar resposta a vários níveis, como na emergência médica.

Muitos estrangeiros/turistas só se deslocam para ilhas verificando a existência de um Aeroporto Internacional porque, muitas das vezes, uma aeroambulância não é solução por motivos financeiros ou clínicos.

Desta forma, seria imperioso ter um hospital adequado a esta realidade insular e de última linha para a esmagadora maioria dos episódios clínicos urgentes/não urgentes. Por isso, pagando para “acreditar” - não é o mesmo que certificar (mesmo que seja por uma entidade espanhola “acreditada” pela Direção Geral da Saúde (DGS), não é solução para um arquipélago que pertence à União Europeia e que deve obedecer a requisitos mínimos da insularidade. Pior ainda é acreditar o inacreditável. Acreditar que “Bom” é o mínimo aceitável, abaixo desta avaliação existe o não acreditado, têm de fechar o serviços. Acreditar num bloco operatório (único no serviço público) com condições precárias na perspectiva de obras é ridículo, desonesto,  aonde se deixou chegar, enfim, é gozar com todos.

De seguida apresento duas soluções que são públicas sobre a necessidade de um hospital público na Região Autónoma da Madeira:

Solução 1, (bloqueada de imediato):

Miguel Ferreira, administrador da Saúde, independente, o único médico com mais formações sobre gestão hospitalar, quis ampliar o atual Dr. Nélio Mendonça (HNM) com a intenção de ser uma solução imediata, urgente e barata para fazer face às atuais/urgentes necessidades da população; desde logo foi bloqueado.

Esta ampliação já estaria pronta com uma dívida do Serviço Público reduzida a zeros. Este mesmo gestor reduziu a astronómica dívida do Serviço Público de Saúde em 200 milhões (total de 600 milhões) em apenas 3 anos anos da sua liderança. Para não bastar, fez imensa obra atualmente colocada no desterro por este Governo da Renovação. Esta solução permitiria que os serviços dos Marmeleiros passassem para junto do HNM, que teria pólo de investigação, lavandaria, microondas, e vários serviços que não necessitariam de qualquer apoio da privada (só em caso de avaria não solucionada de forma urgente). Só nisto pouparia dezenas de milhões de euros ano (daí a redução da dívida com obra), mas não haveria financiamento do serviço privado (caríssimo) à custa do dinheiro público; por isso muitos andam de Porsche, com vidas de ricos ... que até os colegas do continente ficam espantadíssimos com a quantidade de dinheiro com que muitos se pavoneiam.

Enquanto isto, sendo a solução de Santa Rita um lugar para a construção de um novo hospital público da Madeira, havendo esta ampliação do HNM , os preços milionários dos terrenos expropriados (20 milhões de euros para uma zona sem qualquer acesso ao saneamento e onde seriam necessárias fundações e barreiras de retenção milionárias, cairiam a pique e poderia-se pedir financiamento europeu do programa atual em vigor, podendo ser comparticipada a construção do novo hospital público a 85%. Isto não interessou.

Porquê?

Porque com o financiamento europeu o escrutínio para este efeito seria maior e um Hospital Público com qualidade (tipo o de Braga) ao invés de custar 340 milhões, custariam 100 milhões de euros sem equipamentos. Agora com o programa 2020 não está previsto esse financiamento. Grande oportunidade que foi irresponsavelmente colocada no lixo. Entretanto temos um Hospital Privado que irá funcionar, segundo dizem, com financiamento público enquanto estará a ser construído o Hospital Público (com menos camas que o HNM para estar  garantido o financiamento privado).

Solução 2, Construção do Hospital na zona da Prebel. Desvantagens para a renovação: 

Ponto 1: um sorvedouro de dinheiro público da privada. Assim a Quadrantes desaparecia (colocada lá a jeito, cujos equipamentos não custaram mais que 4 milhões de euros mas disseram que custaram 10 milhões), é assim que os seus serviços enriquecem muita Malta de cá. Instalou-se logo no sítio para nem haver hipótese de retorno de mudança do local de instalação do hospital público. Há aqui trabalho de investigação que deveria ser feito pelo Ministério Público; façam-no porque irão encontrar muita matéria de bradar aos céus. 

Ponto 2: os amigos que tinham os terrenos não receberiam os 20 milhões de euros  (tirados às famílias que trabalham e descontam) para pagamento deste espaço de bananeiras que deverá ser dos mais caros do mundo; 

Ponto 3: as construtoras de cá não ganhariam dezenas de milhões de euros apenas em fundações, barreiras de contenção e saneamento básico. 

Vantagens para a população: 

Ponto 1: facilidade na construção; melhor para todos e muito mais barato (daria para apetrechar o hospital público com equipamentos de topo). 

Ponto 2: a rapidez na construção inviabilizaria a construção de um hospital privado dependente de financiamento público. 

Desta forma, o Governo da República, sabendo disto tudo, apoia com 48 milhões de euros iniciais este Hospital Público (porque sabe quanto custa um hospital sem "sanitas" de “ouro”). 

Até quando irão brincar connosco?

Rafael Macedo