Vender a Madeira ao Diabo



Observatório da Comunicação Social 
Artigo de Juvenal Rodrigues
29 de Agosto de 2018, 02:00 - Diário de Notícias da Madeira 
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O Dr. Miguel Albuquerque e o seu companheiro de aventura, Pedro Calado vão vender a Madeira ao diabo para ganhar as eleições de 2019.

A não ser que a Madeira tenha descoberto algum poço de petróleo não estou a vislumbrar onde é que o Governo Regional vai arranjar tanto dinheiro para tantas obras, isto sem equacionar os gasto supérfluos em indemnizações por concursos públicos viciados, por ignorância, jeitinhos ou incompetência. 

Até Julho do corrente a máquina de contratações do Governo Regional já adjudicou perto dos 77 milhões de euros em obras. Atendendo a que a Madeira tem uma dívida financeira na ordem dos 4,5 mil milhões de euros mais os encargos da dívida a rondar os 12 milhões por mês, seria interessante os madeirenses saberem qual a intenção do Presidente e Vice do Governo Regional como, quando e de onde virá dinheiro para tantas obras. 

Vamos voltar ao regabofe anterior e a um ciclo ainda mais negro e, como de costume, quem vier atrás que feche a porta? Os madeirenses exigem que o Governo Regional explique porque é que a ARM é a maior adjudicante num valor aproximado de 27 milhões, seguindo-se a Secretaria de equipamento com quase 24 milhões e o SESARAM com quase 16 milhões. 

Ainda não estamos a falar nos 170 milhões para o hospital e o projecto já anunciado para o aumento da pontinha que mesmo sem estudos feitos (interessa é anunciar) rondará os 100 milhões nas contas do Governo Regional, assim como nos camuflados 50 mil euros/mês para o avião cargueiro e outros mais. Tal como no tempo do U.I., Miguel Albuquerque opta pela mesma filosofia de investimento no betão para os nossos filhos e netos pagarem e, mais tarde, ter um móbil para entrar em “guerra” com Lisboa reivindicando que eles é que têm obrigação de nos pagar as contas.

O povo sabe muito bem e os políticos também que só pode haver dois caminhos para tantas promessas; ou não cumprem ou se cumprem vão obrigar-nos a nova austeridade e assim viveremos eternamente a apertar o cinto. Infelizmente ainda não há lei que obrigue qualquer governante irresponsável a tirar dinheiro do bolso para pagar obras duvidosas no que respeita à sua rentabilidade/utilidade.

Não sou contra as obras desde que planeadas e ponderadas nos custos, sou contra o esbanjamento, o desvio do essencial para o supérfluo assim como o endividamento desregrado que tanto nos sacrificam e continuarão a impor uma desmesurada carga fiscal, quer ao cidadão que despende cerca de 60% do seu rendimento, quer às pequenas e médias empresas que são obrigadas a encerrar as portas por excesso de carga fiscal. De nada adianta apregoarem agora um maior equilíbrio nas contas da RAM para depois das eleições continuar a apertar ainda mais o cinto.

Ainda a propósito e na eminência do PSD-M perder as próximas eleições, não pude deixar de fazer uma analogia entre o número elevado de actos de vandalismo que começam a assolar a nossa cidade, e os anos “quentes”de 75/76 quando a FLAMA, a coberto da noite, fazia deflagrar bombas pelos cantos da cidade com o protesto de não deixar o comunismo entrar na Madeira. Espero que seja apenas coincidência mas convém estar atento.


Uma nota para a cerimónia das comemorações dos 510 anos da cidade do Funchal, no passado dia 21, na qual estive presente. Foi tal o mal-dizer pelos partidos da oposição presentes - antes de 2013 nem tinham direito a falar- que cheguei a pensar estar a viver na Venezuela de Nicolas Maduro ou na Coreia do Norte de kim jong-un. Por sua vez o discurso de Pedro Calado, Vice-presidente do Governo Regional foi mais uma “pedrada no charco” o qual apresentou o Governo Regional em estado de graça e a República como a causa de todos os males que assolam a região. 

Foi um momento para exaltar a demagogia barata e para dar “graxa” ao povo, próximo de 2019. A “graxa” seca e o povo é novamente esquecido até novas eleições.