Mudar é idiota?


Ninguém que se preze confia num político. Os políticos mentem por convicção, omitem por obrigação, mas dizem sempre o que as pessoas querem ouvir.

Não conheço um político, um que seja, que não utilize a dialética e a persuasão psicológica para convencer o outro lado. Já todos nos rimos quando os vimos todos sorridentes antes das eleições sabendo que depois passam quatro anos sem um único sorriso que seja para os que os elegeram. 

Na Madeira, durante 43 anos, tivemos sempre os mesmos, conhecemo-los quase todos pelo nome, e repare-se que mesmo mudando de Presidente e de Secretários Regionais, os mesmos de sempre continuam lá, colados como lapas, aos tachos. 

E, pior do que isso, é que os reconhecidos tachistas são aqueles em que ninguém votou, mas que usam o poder apenas porque são apenas vulgares sanguessugas que vivem dos seus hospedeiros politicos. E quem são eles? É preciso dizer nomes? 

A grande verdade é que há pessoas que estão no poder, que se fossem a votos nem o seu próprio voto tinham, porque simplesmente não passam de oportunistas que se colam sempre aos mais fortes para apanhar boleia. 

Durante 43 anos houve pessoas que enriqueceram sem sequer produzir o que quer que seja pois nunca trabalharam na vida e vivem do expediente do tráfego de influências ganhando comissões em negócios obscuros. 

A verdade é que durante 43 anos fizeram-se Estradas que não passam carros, Marinas sem barcos, Tecnopolos falidos, Aeroportos errados onde não aterram aviões, Piscinas onde ninguém nada, e campos de golfe para ricos passearem. E nisto tudo nunca ninguém percebeu se o dinheiro gasto daria, ou não, para fazer muito mais. Questione-se, por exemplo, se os 100 milhões gastos na Marina do Lugar de Baixo não dariam para construir 100 lares de idosos. 

E o resultado de 43 anos de governação dos mesmos é que a separação dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário está seriamente ameaçada e, em resultado disso, já ninguém fiscaliza ninguém. 

A conclusão que se tira, é que está tudo nas mãos do eleitor, e o que agora está em causa nestas eleições é se temos o direito de mudar, ou não. Como é que podemos saber se uma política é melhor que outra, se nunca experimentarmos outra? 

Mudar é idiota? E não mudar não é?

"Eu não me envergonho de corrigir os meus erros e mudar de opinião, porque não me envergonho de raciocinar e aprender"

Alexandre Herculano