Aos cidadãos livres que escrevem no CM já chamaram de tudo, desde ressabiados a invejosos, e até de cabrões (link do artigo do Luis Filipe Malheiro) , isto é, nada que me ofenda, pois é para o lado que durmo melhor.
E antes de tudo, e para que fique definitivamente claro, não sou, nem vou ser, militante de qualquer partido. A militância partidária para mim é, na sua génese, uma grande limitação à liberdade individual e roça em muitos casos o fanatismo das multidões descrito por Nietzsche.
Mas nem sempre fui assim. Em jovem, fui ativista da FLAMA e pintei bandeiras independentistas na Conde de Carvalhal. Coisa de miúdos tontos e hoje olho para trás e rio-me das asneiradas da juventude. O tempo passou e todos crescemos e aprendemos com os erros, e hoje o meu conceito de democracia amadureceu e sou mais tolerante com a opinião dos outros, mas a minha paixão pela Madeira e o orgulho de ser Ilhéu continuam cá dentro, intactos.
Mas, há sempre um mas na vida, e mesmo mais maduro e tolerante, a inutilidade e a incompetência das pessoas continuam a me tirar do sério.
Há muito tempo atrás, li um artigo de opinião num jornal em que o jornalista perguntava ao Papa como é que ele se sentia por ser a pessoa mais inútil do mundo. Escusado será dizer que o escândalo da pergunta foi de tal ordem que o jornalista deixou de escrever nesse jornal.
E na sequência da pergunta ao Papa não consigo compreender a utilidade e as competências da Comissão Nacional de Eleições. Para que serve? Como fiscaliza?
Há poucos dias um responsável da CNE dizia que não tinha meios para fiscalizar as eleições e tomou isso como um facto consumado. Então assume-se a responsabilidade dum ato sem meios para o executar? E que tal recrutar aleatoriamente simples cidadãos anónimos para fiscalizarem os atos eleitorais?
Para que se saiba, não basta haver eleições para que se prove a democracia, e um exemplo disso, é que na Venezuela também existem eleições e uma CNE, cuja utilidade toda a gente coloca em causa.
A CNE também existe na Venezuela |
Estamos a 24 horas do dever e do direito de votar e queremos acreditar que será um ato pacífico e que decorrerá dentro da normalidade. Votar é um direito adquirido que foi generalizado depois do 25 de Abril de 1974 a todos os cidadãos maiores de idade, por isso vá votar, seja em que partido for, porque o voto nunca é inútil.
"O voto só é perfeitamente democrático se for livre e racional, o que supõe uma igualdade tendencial da informação e do poder económico e social dos eleitores e dos elegíveis"
Francisco Sá Carneiro