Espetada e Vinho Seco


Ninguém no seu perfeito juízo poderá alguma vez ousar confundir Miguel Albuquerque com o seu antecessor João Jardim. Para quem se lembra, as inaugurações de Jardim eram rascas e rafeiras, onde a única coisa de bom era a “espetada e vinho seco” para os tarraços do costume.

Embora alguns politólogos insistam em confundir Miguel com Jardim, a verdade é que, ao contrário de Jardim, Miguel é um político com berço. As espetadas do Miguel estão uns pontos muito acima das de Jardim. 

E para calar os críticos do costume, na última inauguração foi servida “espetada gourmet de Angus do Uruguai em pau de louro envelhecido da laurissilva virgem das Ginjas”, acompanha por um tinto francês “Chateau Margaux de 2015”, uma receita assinada pelo novo cozinheiro monhé do Savoy.

A última inauguração do Miguel estava o máximo com montes de gente fina e bem vestida. Também não era para menos, no palco esteve o famoso grupo de rock alternatico AFA & as Coconotes, que em palco foram precedidos pelo artista pimba Jaiminho que brilhou levando o público presente ao êxtase com o seu último hit “Rocks from the River”.

Um nota de regozijo para os Assessores de Impressa, longe dos tempos deontológicos em que criticavam o regime de Jardim no Diário, mostravam agora serviço espalhando charme e protegendo a imagem do festeiro, não fosse o Miguel ter o fecho-éclair da braguilha aberto e o pirilau sair na imprensa com má cara. 

Diga-se que estava tudo muito bem organizado e correu tudo muito bem. Um pequeno senão para a presença de vendedores ambulantes não autorizados que entre os convidados apregoavam “na compra da branca oferece-se a palhinha”, ou, “olha a marijuana! na compra de dez gramas, oferece-se uma pedra!”, ou ainda, “olha o preservativo, é pró menino e prá menina”. Uma falha imperdoável!

Para concluir esta crónica fictícia sobre moda, não tenhamos dúvidas que este PSD renovado está muito diferente, e a Espetada e o Vinho seco de Jardim não deixa saudades!



“Quase todos os homens são capazes de suportar adversidades, mas se quiser por à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder.”


Abraham Lincoln