O mistério da multiplicação


Tenho visto os Renovadinhos irritados por sair verdades no CM, significa duas coisas, que o CM está a atingir os seus propósitos e que as pessoas deveriam escrever mais sobre os podres dos outros também.

Para mim, se estão irritados no insulto básico, sem conseguir argumento contra, mostra bem a qualidade das verdades, nada mais. Não é novidade, desde sempre assim reagem os medíocres trazendo o debate para a lama, onde confraternizam melhor.

Há um pequeno pormenor que quero insistir porque é o mistério destas eleições. De onde sai esta campanha milionária do PSD-M, este milagre da multiplicação?

Viagens ao Porto Santo, electrodomésticos, vouchers de 150 euros como caridade para gastar no Centro Comercial, é mobília, as tradicionais telhas sempre de jeito para renovar telhados no Verão, é almoços e jantares em restaurantes do regime e na própria presidência à vista de todos. É o que for e que a mente inventa.

É evidente que isto nada tem a ver com Penthouses recuadas, desfalques que geram casas nas Neves, viagens por conta do GR, iates, rális, patrocínios e automóvées de pavoneio. Moradias das margens que sobejam dos ajustes directos, da boa informação paga e do rico vencimento muito acima da carreira. Etc, o que a mente inventa de poder na mão.

150€ parece muito mas, se atendermos que não deram Saúde e Educação que se veja e vencimentos acertam para depois das eleições, é uma medida muito mais barata para objectivos eleitorais ... que só deveriam comprar idiotas e pategos.

A pergunta que se põe é se os eleitores vão embarcar nesta ilusão. O PSD-M governou mal, não há volta a dar mas, os de sempre e os novos generais Renovadinhos encheram-se. Têm uma queda fascinante e fascizante para a coisa privada. Uns passaram de devedores a ricos. O Presidente é expoente máximo, com o azar de ter saído na revista mas há outros, alguns deputados na Assembleia Regional, também eram pobres mas deram a volta. Outros, ratos, dão aos filhos para investir e temos na praça "vintegenários" ricos e quarentões de Sanitas. Também podemos falar de funcionários nos sítios certos para adornar os concursos, onde uns são bibelots e outros têm um concurso de fino recorte, à medida de alfaiate.

É por isto e para os que estão na política ou dependem dela, que vale a pena às grandes máfias no bom sentido, com pipeline directo aos orçamento regional, gastar tudo o que for necessário nas eleições, é um investimento, até porque fizeram pé de meia à espera disto. É por aqui que vemos quão inflacionados estão os valores das compras por ajustes directos do GR. Lembro de, por exemplo, uma obra do GR para São Vicente, onde o vencedor ad aeternum de regime deu a empreitada a outro, idiota e patego, por metade do preço. Já usam o tráfico de influências para não fazer nenhum mas ganhar de forma impensável. Se um ganha pela metade e outro ainda tem margem, benza-te Deus que inflação.

E para não me alongar, chegamos ao PSD-M, o seu líder populista, mentiroso e enganador, que não trabalha para a fotografia mas não sai delas, arvorou-se em moralizador no início do mandato, ai que era preciso cortar na vergonha do Jackpot da dotação financeira aos partidos, esse entregue pela Assembleia Regional. E assim foi, empobreceu os outros partidos e com o poder na mão começou a encerrar as suas despesas com sedes de partido em muitas freguesias e substituiu, muitos vezes, pelos mesmos fulanos e sicranos, mas desta feita em Casas do Povo, em associações caritativas para trabalharem os pobres, dotadas de muito dinheiro, provado pelo JORAM, para encaminhar os infiéis e desertores a votar no PSD-M.

E mais uma vez dá-se o milagre, só possível com gentes do PSD-M mas, agora no próprio partido. Estava falido mas, com o milagre das cinzas da Fénix, as contas continuam por pagar, os bens foram entregues ao banco ou confiscado, penhorados, a fundação readaptada (nunca acertaram o compromisso das bolsas de estudo) ... mas o poder é intocável. Da maneira como não sabem Governar o que é dos outros basta perderem o poder para a maioria empobrecer em queda livre

Com tanto milagre no privado do PSD-M é muito estranho que não o saibam fazer o mesmo nas contas Públicas Regionais pois, nestes últimos anos de poder, conseguiram recriam uma dívida ainda maior depois da limpeza de Guterres, falir, ter uma dívida escondida no seio das regras do país e da União Europeia para a transparência das contas públicas, ... ninguém vai preso e estão neste momento a comandar a campanha eleitoral do PSD-M para continuar o assalto.

É de vir lágrimas aos olhos esta temporada onde estupores se tornam uns amores. É um mistério esta conversão de infiéis em fiéis, a mesma da multiplicação dos ricos, como dá para tudo e todos. Viva os pobres a crescer com vouchers de 150 euros na mão, que rica troca. Alguém dá alguma coisa a alguém sem levar a melhor e a grande parte? Idiotas, pategos ... já agora estúpidos. Se eles chamam e dá resultado ... serei eu a mudar? Até insulto é lucro no PSD-M. A factura vem a seguir ...
Espero que gostem de cultura, em 1655 proferi o sermão do Bom Ladrão na Igreja da Misericórdia de Lisboa perante D. João IV e altos dignatários do Reino, Juízes, Ministros e Conselheiros. Deixo-vos um excerto que dedico a banqueiros e a governantes dos grandes feitos nos roubos:
Navegava Alexandre em uma poderosa armada pelo mar Eritreu a conquistar a Índia; e como fosse trazido à sua presença um pirata, que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão mau ofício: porém ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu assim: Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador? Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres. Mas Sêneca, que sabia bem distinguir as qualidades e interpretar as significações, a uns e outros definiu com o mesmo nome: Eodem loco ponem latronem, et piratam quo regem animum latronis et piratae habentem. Se o rei de Macedônia, ou de qualquer outro, fizer o que faz o ladrão e o pirata; o ladrão, o pirata e o rei, todos têm o mesmo lugar, e merecem o mesmo nome. Quando li isto em Sêneca não me admirei tanto de que um estóico se atrevesse uma tal sentença em Roma, reinando nela Nero. O que mais me admirou e quase envergonhou, foi que os nosso oradores evangélicos em tempo de príncipes católicos e timoratos, ou para a emenda, ou para a cautela, não preguem a mesma doutrina.
E tenho dito,
Pde António Vieira