O milagre económico da Madeira


Boa tarde a todos, trazem-me as incongruências, água e azeite, estão ali lado a lado, ou melhor, uma em cima da outra produzindo luz incandescente na lamparina. O interessante é que não ilumina.

Escrevo pouco mas escrevo, acho que é quando me atiça uma vontade de esbofetear e dizer ... basta de me tratarem como tola!

Hoje, num periódico regional, surge uma grande atenção deste inestimável Governo que pensa nas "P'ssoas" assim, de repente. Do que a minha inteligência alcança, fico na dúvida se é esmola para conter os pobres se um financiamento para animar os velhinhos, para os votos, mas esquecer-se da Saúde no estado em que está, dos lares no estado em que estão e da inacessibilidade a uma velhice condigna com as reformas de miséria.

Confesso-me ignorante, alguém que me explique porque é que tanto sucesso económico, sempre a subir à semana com resultados ao mês, não providenciam melhor vida a todos os madeirenses. Porque é que o sucesso nos números do desemprego não produzem auto-suficiência financeira. Mas há um reparo ao contrário, como crescemos com turismo em mergulho, o CINM duvidoso, uma produção de banana onde o espaço de processamento é megalómano mas a produção fraca. Talvez para betão valha sempre a pensa. Ou o sucesso económico é de meia dúzia propalado para todos e os empregos são precários, mal pagos e de recibo verde ou existe aqui um milagre económico.

Tenho apreciado como a Renovação usa a mentira indesmentível nos momentos de dúvida de alguns mas, de lucro para eles. Vencem por falta de informação em quem lidam ou no acreditar por educação. Por ventura alguns até topam as falácias mas não estão em condições de enfrentar essa imensa máquina ditatorial de fazer muitos pobres e poucos ricos.

Sei que muitas Casas do Povo se tornaram IPSS, por conselhos de Albuquerque, Rubina e Calado, para receberem mais dinheiro sem um fim humano. Quando vejo estes números a crescer, não vejo humanidade mas interesse do PSD em contentar e obter votos. Como se comprova isto? Simples, muitas viagens e festinhas mas nada do que interessa verdadeiramente aos necessitados. Vejo estes dinheiros como uma cenoura que leva os carentes impotentes a andar sempre atrás do PSD-M por abuso. Eles não estão convencidos e sentem-se usados mas não estão com força física nem em condições para sair do vício do PSD Madeira, de usar os velhinhos quando não convencem os novos. O PSD-M, todos sabem é de vícios, não muda, só reconta a história para assentar no mesmo.

O milagre económico está na algibeira dos que têm cartão partidário do PSD-M, o resto é mantido pobre a sonhar, o pensamento já não comanda a vida, só a necessidade. Isto provoca-me vómitos. Ao lado da caridade surge uma das muitas razões do dinheiro ser mal administrado e de uma Saúde miserável, a pública para todos de forma acessível e eficiente, o que mais necessitam os nossos idosos. Como odeio este PSD-M.
Aqui nesta praia onde, não há nenhum vestígio de impureza, aqui onde há somente ondas tombando ininterruptamente, puro espaço e lúcida unidade, aqui o tempo apaixonadamente encontra a própria liberdade.
Num deserto sem água, numa noite sem lua, num país sem nome ou numa terra nua, por maior que seja o desespero, nenhuma ausência é mais funda do que a tua.
Sophia de Mello Breyner

O Charlatão
José Mário Branco

Numa rua de má fama
faz negócio um charlatão
vende perfumes de lama
anéis d'ouro a um tostão
enriquece o charlatão

No beco mal afamado
as mulheres não têm marido
um está preso, outro é soldado
um está morto e outro f'rido
e outro em França anda perdido

É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra

Na ruela de má fama
o charlatão vive à larga
chegam-lhe toda a semana
em camionetas de carga
rezas doces, paga amarga

No beco dos mal-fadados
os catraios passam fome
têm os dentes enterrados
no pão que ninguém mais come
os catraios passam fome

É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra

Na travessa dos defuntos
charlatões e charlatonas
discutem dos seus assuntos
repartem-s'em quatro zonas
instalados em poltronas

Pr'á rua saem toupeiras
entra o frio nos buracos
dorme a gente nas soleiras
das casas feitas em cacos
em troca d'alguns patacos

É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra

Entre a rua e o país
vai o passo dum anão
vai o rei que ninguém quis
vai o tiro dum canhão
e o trono é do charlatão

É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra

É entrar, senhorias
É entrar, senhorias
É entrar, senho...