Albuquerque, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.

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Estimados senhores do Correio da Madeira, venho pedir-lhes que publiquem na integra este texto que não é meu, é do falecido Tolentino de Nóbrega, a 26 de Outubro de 2013 e a propósito de uma disputa muito parecida com o que se passa na Placa Central neste início de época natalícia. Pretendo destacar as palavras de Miguel Albuquerque. Muito Obrigado

"Despacho de Jardim é qualificado de "lamentável" pelo novo presidente da câmara e de "absurdo" pelo seu antecessor

O novo presidente da Câmara do Funchal, o independente Paulo Cafôfo, considera "lamentável" o despacho do presidente do governo regional que, na semana passada, retirou ao município a gestão do jardim de Santa Luzia. A medida, tomada por Alberto João Jardim duas semanas depois das eleições autárquicas que deram a vitória à candidatura da coligação Mudança, liderada por Cafôfo, foi também classificada pelo seu antecessor Miguel Albuquerque (PSD) como uma "decisão absurda".

Miguel Albuquerque lembra, a propósito, uma outra medida governamental "arbitrária e retaliatória, que foi a regionalização de algumas estradas municipais, usurpando competências e receitas da autarquia.

"Em vez de se preocupar em governar, o presidente do governo regional prefere dedicar-se a estas guerrinhas partidárias tontas", lamenta Albuquerque, lembrando que a autarquia está mais vocacionada para a gestão dos jardins públicos. "Qualquer pessoa no seu perfeito juízo sabe que a câmara é que tem jardineiros", não é o governo, que, exemplifica, mantém a Rotunda Sá Carneiro, à saída do porto do Funchal, "cheia de mato".

O despacho de Jardim, datado de 15 de Outubro, determina que a gestão do jardim, que ocupa os terrenos do antigo engenho de açúcar do Hinton ou do Torreão, "passa de imediato para a Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Humanos", tutelada por Manuel António Correia, declarado opositor de Albuquerque na corrida à liderança do PSD regional. E justifica a mudança com "a necessidade de dar melhor utilização pública" aos jardins, "nomeadamente na área da cultura e actividades de solidariedade social".

Esta decisão "impede a câmara de concretizar as iniciativas de cariz cultural programadas para aquele espaço verde", lamenta Cafôfo. O jardim de Santa Luzia, com uma área de 14 mil metros quadrados, foi inaugurado pelo presidente madeirense antes das eleições regionais de 2004, sob protesto dos antigos proprietários do engenho de cana-de-açúcar, que contestaram a sua expropriação, requerendo a nulidade do acto ao Tribunal Administrativo do Funchal e a instâncias europeias. A expropriação, alegaram, "baseou-se no Plano de Urbanização da Ribeira de Santa Luzia, declarado nulo pelos tribunais, e contradiz o Plano Director do Funchal"

Além disso, os descendentes de Harry Hinton invocaram que "o governo não tem competência para expropriar, declarando a zona de utilidade pública urgente, quando neste caso não há urgência nenhuma". Os expropriados afirmaram então que a iniciativa constituía uma "declaração de guerra" aos grupos económicos ingleses, acusando Jardim de praticar uma política à maneira de Mugabe.

O antigo engenho do Torreão aproveitou as inovações tecnológicas do século XIX, produzindo em grande escala. Chegou a ter o monopólio do fabrico do açúcar, assumindo um papel de relevo na expansão desta indústria numa época florescente para a economia regional.

A fábrica era considerada uma "jóia da arqueologia industrial", tendo a sua preservação e reutilização como espaço cultural sido defendida pela Associação de Arqueologia e Defesa do Património da Madeira e pela Associação Portuguesa de Arqueologia Industrial. Jardim justificou a demolição da fábrica, considerando que "os prédios do antigo engenho eram uma monstruosidade" e ordenou a construção do jardim, feito pelo governo e desde então gerido pela câmara. Em 2005, o jardim, projectado por Luís Paulo Ribeiro, obteve uma menção honrosa no âmbito do Prémio Nacional de Arquitectura Paisagista."

Nota: quem fala desta situação, também fala da mesma atitude nas obras da frente mar. Dois pesos, duas medidas. Albuquerque só queria poder, vê-se pelas mesmas atitudes. A Renovação é um flop total, ao nível humano, de quadros e da praxis. Vergonhoso.

Enviado por Denúncia Anónima 
Quinta-feira, 28 de Novembro de 2019 19:21
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