Queimar dinheiro agora ofende.


Ontem, estava em casa e no final da noite de 24 no céu irromperam uns petardos. Não estava informado do que era, talvez porque esta nova vida mudou muita coisa. O meu cão saiu disparado para debaixo da cama e enquanto todos se perguntavam o que era isto fomos saindo à rua para ver. Quando chegamos tinha acabado.

Depois, pelas redes sociais, vi a indignação de muita gente pelo despesismo. De facto, a natureza do tempo que se vive, com tantas incertezas, é de pouca tolerância, o fogo de artifício sempre é queimar dinheiro. Se na passagem de ano compensa porque é o principal cartaz e atrai turismo noutro ambiente de festa, neste momento, apesar do nosso belíssimo anfiteatro, não atrai ninguém.

As pessoas estão a pensar se perdem o emprego, quando é que chega uma má notícia pela situação da economia, quando cortam ordenados, quando falimos de novo, o que vai ser da família, os empresários são maltratados com burocracias para se salvarem quando eles arriscam e os senhores em funções públicas não. Talvez por isso seja tão difícil de ver como aquele fogo de artifício ofendeu muita gente em vez de alegrar e recordar. Penso que foi nisto que pensou a CMF, animar e comemorar mas as pessoas não estão para aí viradas, estão preocupadas e mais valia que esse dinheiro tivesse acudido tanta necessidade que faz sofrer pela calada.

Para mim foi só um sobressalto na noite, o cão ainda pragueja e depois do fogo não vi mais futuro. Por mim faziam companhia ao cão, ele por medo e vocês por vergonha mas ambos debaixo da cama.

Enviado por Denúncia Anónima
Sábado, 25 de Abril 2020 07:17
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