Investir na natureza em vez de betão


Nesta folia dos tachos vemos que a preocupação do bicho homem está no "primeiro eu" e bens materiais, entretanto, as necessidades do planeta passam literalmente ao lado. Há um ou outro investimento útil e bem feito na região mas o resto é folclore sem impacto real. Será que alguém está a acompanhar a urgência das medidas ao combate e mitigação às alterações climáticas. Somos pequenos mas também temos responsabilidade e contamos, sobretudo com nós próprios como já vimos no 20 de fevereiro. E aqui já se vê que precisamos não só de aumentar o manto vegetal para reter humidade como para dosear o impacto de eventuais chuvas torrenciais que evitem o arrastamento de inertes e demais entulhos. Podemos não ver chuva mas quando ela aparecer será diluviana, basta ver o que está a suceder noutras paragens e como nos tem passado ao lado e os resultados quando atinge terra.

Eu gostaria de ver a minha região a aplicar a loucura das despesas do betão na natureza. Abandonar esta vontade construtiva para dar facturação às empresas do regime e apostar na reflorestação. Precisamos de plantar, de adequar as espécies às previsões climáticas, criar um tampão de humidade à Laurisilva para que se mantenha e não expor as suas bordaduras à constante mingua por secura. É preciso acabar com ideias de esquartejar a Laurisilva como no caso das Ginjas e não secar os cursos de água, retendo tudo para a produção de energia, porque estaremos a mudar a paisagem a jusante. Precisamos, em suma, de criar a protecção ao nosso oásis porque vamos ter o clima de Casablanca.

É preciso coragem para corrigir os erros em vez de insistir ou ampliar, por orgulho ou para não permitir o reconhecimento do erro político, como no caso do porto do Porto Santo que vai acabar com a praia que é o ex-libris, é preciso começar a falar de forma séria. Que raio de coisa esta de não querer dar o braço a torcer politicamente e atentar contra os interesses do arquipélago e do seu povo? É mesmo necessária uma alternância democrática para haver coragem? Temos de acabar com a lei do investidor e respeitar a natureza. Porque é que investir tem que atentar a natureza?


Saiu um mapa interactivo sobre as zonas que vão inundar no mundo e a Madeira não fugiu à observação. Já repararam que estamos a caminho de 2020 e já para 2050 se prevê a inundação do molhe da Pontinha e, neste momento, pensa-se em ampliar? O que estudaram? Contam com isto ou depois logo se vê porque agora temos que facturar para estes?

É preciso andar muito mais rápido e com outras mentalidades, só vejo mais 4 anos do mesmo, mais 4 anos perdidos.

Enviado por Denúncia Anónima 
Segunda-feira, 4 de Novembro de 2019 23:57
Texto e título enviados pelo autor. Ilustrações CM.