O GR sempre quis acabar com as buganvílias nas ribeiras


O Governo Regional, expropria e toma posse administrativa quando quer e entende, conforme dá jeito fazer obras para beneficiar os amigos da construção ou até com barracas de Natal.

Há imensas obras na Madeira em terra de ninguém, recentemente vimos a barbaridade do Penedo do Sono mas a Universidade da Madeira e Tecnopólo estão na mesma situação e agora querem construir um pavilhão ao Marítimo

Com a recente queda das buganvílias chegaram as contradições ... Mas vamos puxar o filme bem atrás para vermos como desde sempre quiseram abater as buganvílias.

Em 1982, com a Resolução 2/62/M, era aprovada a proposta de orçamento da Região Autónoma da Madeira para 1982, o Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração da Região Autónoma para 1982 e o plano a médio prazo 1981-1984 (I e II volumes). algures no imenso texto encontramos este parágrafo:

"O projecto 1.5 «Aumento da capacidade de vazão das ribeiras» inclui uma obra bastante importante de impermeabilização dos fundos e das paredes laterais junto à foz da ribeira de Santa Luzia e até à ponte do Bazar do Povo (cerca de 300 m), por forma que as águas possam correr mais livremente sem estarem, como hoje, dificultadas no seu percurso até ao mar. A pouca largura da ribeira e o «estrangulamento» causado pelas buganvílias, e também pela Avenida do Mar, têm de ser corrigidos, sob pena de poderem acontecer prejuízos na baixa funchalense."
Link e PDF 

Começava a era das culpas às buganvílias e a tentação de revestir as paredes do Oudinot. Passadas algumas décadas a obra foi consumada no mandato de Sérgio Marques, enquanto secretário com responsabilidade na matéria. Da obra verificou-se a insensibilidade na protecção do património histórico edificado, tanto de pontes como das paredes do Oudinot e cometeram-se erros. Os antigos não eram estúpidos e fizeram obras que duram mais do que outras recentes da Madeira Nova. Para além da agressão ao património edificado em basalto das paredes das ribeiras, não se valorizou a sua porosidade que tanto ajuda a percolar água da ribeira para os terrenos contíguos como faz a ribeira receber das terras o excesso de água que pode provocar deslizamentos. Para além disso, era casa de imensos pombos que depois se tornaram infestantes "sem-abrigo". As águas mais livres ganham mais força e abalroam o que se intrometer em sua frente ou galgam com mais facilidade. Na minha perspectiva ... está tudo errado, até o mar conseguir subir até meia cidade na frente do Mercado dos Lavradores, as fundações estão a salinizar e a corroer mais rápido. O que se deveria fazer era imitar a natureza, copiar a sua sabedoria a dominar as águas mas, mais não quero dizer ...

Há poucos dias, os esticadores que seguravam a réstia de beleza e ex-libris de um Funchal de outrora cederam e, com elas, as buganvílias. A primeira discussão que se deu foi de culpas e de quem era a responsabilidade de intervir. O GR, autor da obra louca lava as mãos, mesmo em garantia e depois da posse administrativa e diz ser responsabilidade da CMF, alimentado a guerrilha permanente.

A história está tão mal contada que surge a cereja no topo do bolo, o Governo Regional diz que "a limpeza das ribeiras é da responsabilidade dos municípios", meu amigos, aproveitem para anular todos os contratos que roubam pedras nas ribeiras, esses contratos de obras mal feitas onde se prevê uma manutenção constante e que, para além do serviço que se paga, levam as pedras de borla. É agora que as autarquias devem usar a contradição de um Governo de dualidades a gerir interesses.

Estamos iguais para pior aos outros, é betão por todo lado e o Turismo decresce com a justificação da Inoperacionalidade do Aeroporto mas acredito que, se for algo muito singular, as pessoas vêm sempre ver. É preciso relembrar, agora que temos luzes a metro só no Natal sobre as ribeiras, que antes tínhamos um tapete de flores. Andando, mingando e perdendo identidade, uma cidade igual às outras.


Enviado por Denúncia Anónima 
Sexta-feira, 20 de Dezembro de 2019 15:01
Todos os elementos enviados pelo autor.