Eleições: então era isso!


A noite eleitoral do PSD-M despachou cedo, com medo, muito medo, narrativas na onda de há duas semanas atrás que, agora, se vê ter sido suficiente para se vergarem ao CDS e a uma nova conjuntura. 

Nestas Legislativas Regionais, o Presidente "de contrafacção" do PSD-M disse que foi um 3-0, "ganhamos", o discurso não saiu disto, mais uma grande vitória, conta interessante, misturam tudo para não dizer que o PS teve mais um deputado e que empatou a 3. A noite acabou cedo, vamos embora cedo antes que isto descambe em Lisboa.

As eleições estão a variar pouco para o PSD Madeira, o que significa que já só os tachistas e dependentes votam no partido, sem esquecer a classe dos Jornalistas, largamente vendidos ao poder. É mais forte, um nadinha, a vontade de retirar o PSD-M do poder na Região do que dar a vitória a Costa:

Resultados na Madeira:
Regionais 2015 Nacionais 2015 Regionais 2019 Nacionais 2019
PSD: 44,35% (56.569) PSD: 37,75% (47.228) PSD: 39,42% (56.448) PSD: 37,15% (48.231)
COL: 11,43% (14.574) PS:    20,90% (26.152) PS:    35,76% (51.207) PS:    33,41% (43.373)
(PS-PTP-PAN-MPT)
Será que, com outro cabeça de lista, Sérgio Marques por exemplo, o resultado nestas Legislativas Nacionais teria sido pior na Madeira? E se repetissem a cabeça de lista de há quatro anos, Sara Madruga da Costa, que foi depreciada na lista? É que o embuste anunciado por alguns partidos sobre a falácia do cabeça de lista Miguel Albuquerque, para ter um pé de meia caso perdesse as Regionais, tem tudo a ver ... Mas, que ganhou o PSD-M com Miguel Albuquerque como cabeça de lista? Nada! Ficou igual! Tinha mesmo que fazer uma narrativa e fugir no início da noite ...

Os perfis falsos da Renovação já estão
a destruir os colegas de Coligação.
Quem se mete com pequenos ... amanhece mijado!
O PSD Madeira anda manhoso com as narrativas, anda desconfortável, felizmente que esta noite passou rápido e mal explicada, até porque vêm aí dois dias que prometem ser de grandes calores no seio dos social-democratas com a partilha quase ofensiva do poder com o minúsculo CDS Madeira.

E porque já se sabe e comprova, António Costa é muito mais inteligente do que Paulo Cafôfo, ele sim ganhou e mesmo assim repete não só a Geringonça com (BE e CDU) como alarga ao Livre e ao PAN. Assim, permite que mais partidos entrem em protagonismo contra a direita, em vez de queimar e querer neutralizar para obter os votos dessa Esquerda que, se não é ou não se define, já está no seu âmbito com a atitude de Costa. O contrário do PS Madeira. O CDS vai lamber feridas e o PSD vai provar que o resultado não é tão mau, Rui Rio até deveria telefonar a Albuquerque para lhe perguntar como é que se faz.

Os únicos que estão "certos" são os da Renovação que renovaram o queixume a Lisboa, na narrativa da noite já salivam por mais contencioso da Autonomia porque pensam que resulta para eles mas nós eleitores não vemos nada!

Política de Interesse
Em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar oposição. Falta igualmente a aptidão, e o engenho, e o bom senso, e a moralidade, nestes dois factos que constituem o movimento político das nações. A ciência de governar é neste país uma habilidade, uma rotina de acaso, diversamente influenciada pela paixão, pela inveja, pela intriga, pela vaidade, pela frivolidade e pelo interesse. A política é uma arma, em todos os pontos revolta pelas vontades contraditórias; ali dominam as más paixões; ali luta-se pela avidez do ganho ou pelo gozo da vaidade; ali há a postergação dos princípios e o desprezo dos sentimentos; ali há a abdicação de tudo o que o homem tem na alma de nobre, de generoso, de grande, de racional e de justo; em volta daquela arena enxameiam os aventureiros inteligentes, os grandes vaidosos, os especuladores ásperos; há a tristeza e a miséria; dentro há a corrupção, o patrono, o privilégio. A refrega é dura; combate-se, atraiçoa-se, brada-se, foge-se, destrói-se, corrompe-se. Todos os desperdícios, todas as violências, todas as indignidades se entrechocam ali com dor e com raiva. À escalada sobem todos os homens inteligentes, nervosos, ambiciosos (...) todos querem penetrar na arena, ambiciosos dos espectáculos cortesãos, ávidos de consideração e de dinheiro, insaciáveis dos gozos da vaidade."
Eça de Queiroz, in 'Distrito de Évora (1867)