Deixem-me adivinhar, os intermediários estão ricos ...

Quem sobrevive da agricultura diz que não lhes chega nada.
Peço que coloquem no vosso estimado site estas letrinhas, muito obrigado.

Cooperativas são as Casas do Povo da agricultura. A vidinha vai por um caminho e depois para juntar isto tudo cai de pára-quedas um "bucho-virado" ou alguém, que não se conhece de parte alguma, lá dentro. Alguns são tão importantes que só aparecem lá de tempos a tempos. Depois de um desconhecido vem outros e suspeito que os que aparecem lá são os que ganham menos. Nesta coisa da agricultura nunca andam com terra nas unhas, cavam de caneta. Eu cavo de enxada, pulverizo dando à mão, rapo frio porque o meu terreno é um bocado exposto, etc. Eles passam de carro com o vidro fechado e parece cómodo, dizem que tem ar condicionado e aquecimento nos estofos. Andam sempre de cabeça fria e a única coisa que têm de agricultura, entre as pernas, vai quente, é dos estofos.

Há tempos andavam aí uns pequenos loucos para se alugar terrenos, para "se fazer negócio", nunca plantaram nada na vida. Há uns proprietários que alugaram para receber algum porque a idade pesa mas, tal como produzir não enriquece, alugar parece dar o mesmo resultado. Os pequenos do dia para a noite enriqueceram com a agricultura e não saiu mais do que erva do terreno, erva mesmo, daquela das vacas e nenhuma foi para lá pastar. Um milagre. Benditos pequenos, eram amarrados e postos no altar.

Na minha freguesia não apetece sair à rua, não é solarenga mas veste-se um casaco e sai-se. Para a agricultura é excelente. O problema é outro mas isto pode ser de mim. Encontras a bilhardeira, o homem da casa do povo para uma pequena conversa de controlo, o da cooperativa pergunta que tal vai a vidinha, o da mercearia também conta dos outros para saber da minha e se entrar outro freguês faz o mesmo e conta a minha vida para saber da dele. É entretido. O vendedor ambulante também é um ás do traz e leva, tira o sossego com a corneta que lhe enfiava nos cornos. O levadeiro "rega", a minha vizinha tem um AVC mas não chegou ao cérebro e muito menos à língua. A 100 metros de mim chegou uma família de luso-venezuelanos, parece que vivem a paredes meias, falam como toda a freguesia junta. Já perdoei o meu filho, emigrado, por aquela aparelhagem que comprou com primeiro dinheirinho que ganhou quando era mais novo, os miras são piores mas não tem nem botão para desligar e não trabalham à corrente. O Presidente da junta, o da câmara e do grupo do PSD parecem bordadeiras, um bocadinho mais ricos e não andam de agulha. Ninguém quer saber de mim mas da minha vida, para cada um orientar a deles. Até ficam entusiasmados a te atiçar a ver o que sai. Um dia mais tarde, o que disseram para te tirar o que pensas não vale nada mas o que tu disseste eles não se esquecem. Quando apanho a minha mulher a cair na conversa do bandido com um destes à porta, digo sempre que está a cheirar a queimado, fica com a fama da pior cozinheira da freguesia mas pelo menos sai a correr.

Cavo, não enriqueço mas vou comendo e cramando das arcas mas aqueles que mexem com o dinheiro da agricultura têm uma estuporadinha duma sorte, eu cá acho que escrevem uma moto-escavadora na requisição e sai um Jeep do stand. É como os coitados dos produtores de banana, bananas são eles. Por aqui, quando se planta nunca se sabe o que vai nascer, uma vez plantei repolho mas as filhas das pêras das sementes estavam velhas, o que acabou por nascer foram maracujaleiros porque no cabo de cima tem um malandro que não apanha, aquilo seca e desfaz-se e a água de rega traz.

É por isso que quero avisar para terem cuidado com as levadas, penso que as pessoas da cooperativa vieram na água de giro. Quem adivinhar a freguesia que feche a boca senão é outro bilhardeiro.

O Secretário da Agricultura é fresco, toma banho todos os dias.

Enviado por Denúncia Anónima
Domingo, 26 de Janeiro 2020 13:22
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