Segundo a RTP, Rui Rio considera um "milagre" conseguir a "unidade do PSD", pois não controla a vontade dos seus companheiros de partido. (LINK)
Montenegro respondeu muito melhor: "a unidade começa precisamente na liderança e no líder!" Exactamente: liderança é fazer com que os outros tenham sigam a "vontade" do líder. Uma das principais regras de liderança é a Credibilidade, que se conquista:
- sendo tu próprio, para que as tuas decisões sejam coerentes com as tuas palavras.
- sendo tu próprio, punindo o que pensas que é mau e promovendo o que pensas que é bom.
- sendo tu próprio, e mostrando a visão e conjunto de valores que queres para a entidade que chefias e para a Sociedade em que te inseres.
- sendo tu próprio, promovendo aquilo que defendes mas os teus actos têm consequências... pelo que deves decidir informadamente.
Albuquerque fez o favor de dar a Rio uma oportunidade de ganhar credibilidade junto de todos os cidadãos. Se Rio é defensor do Estado de Direito, é contra o crime, pelo que vai apresentar queixa crime por falsificação dos Cadernos Eleitorais do PSD.
Se Rio é defensor da Democracia, é a favor de eleições, pelo que vai fazer com que o Conselho de Jurisdição do PSD puna todos os que impediram que os filiados votassem nestas internas.
"Gajos" que defendem valores morais e no entanto são coniventes com a violação desses valores, não são sérios. Não são credíveis.
"Gajos" que não se dão ao respeito, não são respeitados. São palhaços, qualquer que seja o cargo ou título que detenham.
A tarefa do líder é fazer com que todos combatam coordenadamente com vista a um objectivo (ou a uma visão). O líder não tem que combater.
Imaginemos que Rio (sem a força interna do partido) ganha um debate a Costa. Nada acontecerá, pois os filiados como não estão "engajados" com ele nem o verão e muito menos divulgarão essa vitória. Mais ainda, a rede socialista de desinformação fará com que a vitória seja vista pela população como uma derrota de Rio.
Agora, o contrário: Rio perde um debate com Costa, mas os filiados do PSD estão com ele. Os filiados, agarrando-se a um ou duas boas "tiradas" venderão que Rio esteve muito bem... e essa derrota até servirá para aumentar o engajamento entre filiados na defesa do partido.
Resumindo, regra geral, especialmente em sistemas democráticos, primeiro ganha-se a confiança interna, e depois é que se combate. Em linguagem militar é: primeiro faz-se o exército e depois é que se vai para a guerra (não é ir para a guerra com vista a formar um exército ... esta última sequência só pode ser feita por quem cargos vitalícios).
Se calhar Rio viu isto na crise dos professores de 2019. Se Rio tivesse pelo menos 10% dos filiados do PSD a defender que a despesa estatal com o descongelamentos dos salários dos professores era comportável, a ameaça de Costa de demissão teria passado por uma birra.
O que esperar de Rui Rio nos próximos anos? Se nas próximas semanas se souber que Rio apresentou queixa crime por falsificação do Caderno Eleitoral e promoveu um processo disciplinar a quem impediu as eleições internas, provavelmente terá o partido a seus pés: ninguém ousará desafiá-lo e os seus apoiantes ficarão mais confiantes.
Se nada se souber sobre estes dois assuntos nas próximas semanas, Rio continuará a falar e ninguém a ouvir, pois ninguém lhe dará crédito.
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Domingo, 19 de Janeiro 2020 20:27
Texto e título enviados pelo autor. Ilustrações CM.