A agressão aos estivadores no Porto de Lisboa, para além do aspeto laboral, é um aproveitamento descarado do momento de crise para conseguir apoios na opinião pública. Quem ignorar e achar que passa ao lado, estará a dar proteção ao esquema que um dia lhe poderá bater à porta e o despedir também. É um tipo de "Jurisprudência do esquema" que, associado a um Governo desatento, vai na onda e piora as coisas. Chegamos a um ponto que o Porto de Lisboa começa a ter a atenção internacional porque se pode replicar noutros países:
"Da ILA - International Longshoremen's Association – AFL – CIO
(Associação Internacional de Estivadores)
Para Pedro Nuno Santos
Ministro das Infraestruturas e da Habitação
Av. Barbosa du Bocage, 5 – 2º
1049-039 Lisboa, Portugal
Prezado Ministro Pedro Nuno Santos,
Em nome dos 65.000 membros da Associação Internacional de Estivadores, AFL – CIO, representando os trabalhadores portuários dos principais portos dos Estados Unidos nas costas Este e do Golfo; Grandes Lagos, Canadá e Porto Rico, estamos solidários com os nossos companheiros em Portugal, membros do sindicato SEAL, que têm enfrentado um tratamento duplamente injusto e cruel quer por parte da administração quer, como todos nós em todo o mundo, pela pandemia do Coronavírus. Os estivadores de todo o mundo estão a trabalhar para o bem da sociedade durante esta crise de pandemia.
É escandaloso e vergonhoso que as empresas que operam no porto de Lisboa estejam a usar uma crise para destruir acordos de trabalho e despedir trabalhadores sindicalizados no SEAL. O Estado de Emergência em Portugal pode ser justo e necessário, mas a voz e as necessidades dos trabalhadores não devem ser esmagadas. Por exemplo, é indefensável que as empresas adquiram quatro novas gruas, com nova tecnologia para aumentar a capacidade dos portos e estejam sem pagar aos seus trabalhadores. O SEAL pretende honrar seu compromisso de cooperar nas tarefas de Estiva para manter a carga a fluir e a fornecer tudo o que a população portuguesa precisa, renunciando, por enquanto, ao seu direito de protestar contra os tratamentos injustos que tem vindo a enfrentar.
O ILA condena os patrões por não pagarem aos trabalhadores da SEAL os seus salários de Fevereiro e denunciamos que essa negligência tem um motivo muito feio: destruir um Sindicato de Estiva para eliminar a única resistência que tem havido para os patrões imporem as suas próprias leis aos trabalhadores. O ILA condena ainda os patrões de capital estrangeiro que forçam o governo a agir contra as organizações de trabalhadores domésticos.
O ILA usará todos os seus meios para proteger os nossos irmãos e irmãs do SEAL contra este tipo de agressão e humilhação.
O ILA denuncia publicamente essa agressão contra o SEAL e requer com urgência uma rectificação do governo português.
O ILA condena os patrões por não pagarem aos trabalhadores da SEAL os seus salários de Fevereiro e denunciamos que essa negligência tem um motivo muito feio: destruir um Sindicato de Estiva para eliminar a única resistência que tem havido para os patrões imporem as suas próprias leis aos trabalhadores. O ILA condena ainda os patrões de capital estrangeiro que forçam o governo a agir contra as organizações de trabalhadores domésticos.
O ILA usará todos os seus meios para proteger os nossos irmãos e irmãs do SEAL contra este tipo de agressão e humilhação.
O ILA denuncia publicamente essa agressão contra o SEAL e requer com urgência uma rectificação do governo português.
Atenciosamente,
Harold J. Daggett
Presidente Internacional
Da ILA - International Longshoremen's Association – AFL – CIO
(Associação Internacional de Estivadores)"