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Boa tarde a todos,
Agradeço ao espaço do CM onde se pode dizer algumas verdades. Vou narrar a minha experiência para que se ponham no meu lugar e tentem perceber os outros. Tenho uma filha que estuda no Reino Unido.
Antes de mais, a cronologia dos acontecimentos do Covid-19 não se deu por igual nos países europeus e as políticas adotadas não foram iguais. Para complicar, o Reino Unido concretizou o Brexit.
Quando se queria fechar o aeroporto na Madeira, no Reino Unido, o seu Primeiro-Ministro ainda queria manter tudo igual e é assim que se dá um desfasamento no estado de evolução em cada um dos pontos. A minha filha não poderia partir sem ordens superiores no Reino Unido porque seria uma "refratária" do ensino. Não sou rico, estuda lá sob algumas condições muito positivas senão não me seria possível lhe dar aquela formação. Por isso respeito e é preciso ser ponderado.
A esta distância temporal sou levado a pensar que o nosso Governo Regional foi acometido de histerismo que acabou por contagiar a população e, por medo, desatou a dizer e, ainda pior, a fazer asneiras. O GR foi impulsivo, ferveu em água fria ou estalou como pipoca ao mínimo aquecimento.
Com duas cronologias e prioridades de governação diferentes, enquanto o Governo daqui fechava tudo lá decorria na normalidade, e não se sabia de timings para antecipar uma decisão quanto a comprar voos. Foram dias esquisitos de desinformação, de desgoverno em ambos os lados, falta de voos, condicionamento por dinheiros, etc.
Com as intenções da Madeira, os voos começaram a rarear sem um período de "carência" para por os nossos filhos em casa, numa situação verdadeiramente anómala de Saúde Pública, que ninguém em vida julgo ter vivido. Você não tem instinto de protecção dos seus filhos, se os tem claro? Há algo que o faça concordar com um Governo Regional que não quer saber como estão os madeirenses que estão fora? Eu falo para gente normal sem objectivos políticos.
Anteontem, para me distrair, acabei por ver um documentário sobre o comandante do navio Concórdia que naufragou em Giglio. Está preso com pena de 16 anos, creio eu, por ter abandonado o barco sem todos os passageiros estarem livres de perigo. Pensei na Madeira tal como um navio, os passageiros são todos os que aqui nasceram ou descendência da diáspora. É uma responsabilidade perguntar se precisam de ajuda. Se um dia rebentar uma guerra numa zona com emigrantes madeirenses, os nossos governantes vão dizer fiquem aí? Os governantes sacodem o problema evitando que aqui cheguem? Acho que a situação dos estudantes foi essa com outra "guerra". Não estão capacitados para governar porque são muito primários nas análises.
Agora, o Governo Regional ou deu-se conta do erro ou está a ser alvo de comparações que retiram razão à sua decisão. Para os estudantes madeirenses no Reino Unido nem a possibilidade de ficar na Quinta do Lorde foi ponderada e julgo mesmo, que o Governo Regional volta atrás porque agora não podem vir porque não há voos. É uma emenda cínica que registo.
Ficou a experiência, se te veres no estrangeiro e acontecer algo não contes com a Madeira, no mínimo tenta chegar ao continente e depois logo se vê. A atuação do Governo da República foi bem diferente, com reparos, alguma lentidão mas com satisfação de estrangeiros e nacionais. Lentamente continua a repatriar apesar da fase avançada da crise. É com eles que conto agora, a minha filha está com família no continente. Pelo curso que está a tirar, se quiser exercer, não regressa à Madeira mas penso que se houvesse hipótese de ora avante menos quererá. Como é mais fácil partir, sou eu que me mudo.
Tudo isto foi narrado com plena consciência dos desafios do Covid-19.